Pesquisa da ISP aponta precárias condições de trabalho dos profissionais de saúde

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Por CNTS                                                               

 
Entidade divulga resultados finais de enquete realizada entre trabalhadores da saúde e serviços essenciais; informações coletadas mostram que 63% dos trabalhadores entrevistados não receberam EPIs adequadamente e mais de 69% não tiveram treinamento para Covid-19.

A Internacional dos Serviços Públicos – ISP, entidade da qual a CNTS é filiada, divulgou os resultados finais da enquente realizada entre trabalhadores da saúde e de serviços essenciais, onde detectou dados preocupantes para a saúde coletiva. Segundo a pesquisa, 63% dos entrevistados não receberam Equipamentos de Proteção Individual – EPIs em quantidade suficiente nos locais de trabalho, conforme recomendam os protocolos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e da Organização Mundial da Saúde.

Outro fator de grande preocupação é a afirmação de que a maioria, tanto de profissionais de saúde – 69%, quanto de outros trabalhadores de serviços públicos – 77%, não receberam treinamento adequado para lidar com as situações de atendimento decorrentes da pandemia e 34% informaram cumprir uma jornada de 12 ou mais horas diárias de trabalho.

A aplicação da enquete faz parte da campanha “Trabalhadores e Trabalhadoras Protegidos Salvam Vidas”, da qual a CNTS participou, lançada pela ISP em 31 de março. Foram 3.636 formulários respondidos de forma voluntária, abarcando diversos estados brasileiros.

Das respostas coletadas, 86% são de trabalhadores da saúde, sendo 33% de enfermeiros, categoria de maior participação na iniciativa. 21% do total são usuários de transporte público e correm risco de transmitir o novo coronavírus para mais pessoas, o que agrava a ausência de proteção dos profissionais que atuam na linha de frente do combate à Covid-19.

Segundo os respondentes, 96% não recebem hospedagem, mesmo sendo profissionais que não podem retornar para suas casas, pois convivem com pessoas do grupo de risco.

Sofrimento psíquico – A pesquisa ainda aponta que 54% desses trabalhadores informaram passar, no momento, por algum sofrimento psíquico. O indicador é maior em mulheres (57%) do que em homens (44%). Isso permite inferir que a situação é decorrente das desigualdades de gênero, na vida ou no trabalho, que impactam negativamente a vida das mulheres e que se somam às várias violências. Veja a íntegra do relatório, clicando aqui.

Profissionais sem proteção – A CNTS, que participou da pesquisa, conclama as autoridades de saúde responsáveis em cada área de atuação para que tomem, imediatamente, todas as medidas necessárias para o apoio, proteção e segurança de milhões de profissionais da saúde destacados para o atendimento da população.

A situação do Brasil é crítica. O país já perdeu mais profissionais da enfermagem mortos por Covid-19 do que os Estados Unidos, o país mais atingido pela pandemia. De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem – Cofen quase 17.500 enfermeiros, técnicos e auxiliares se infectaram, e 196 morreram. Dos óbitos, 65,85% são mulheres e 34,18% homens.

Por isso a luta constante da CNTS para garantir proteção aos profissionais da saúde. A Confederação já reivindicou ao Tribunal Superior do Trabalho – TST e à Procuradoria-Geral do Trabalho – PGT medidas imediatas e eficientes do governo federal e da Confederação Nacional da Saúde – CNSaúde, entidade patronal, para assegurar prioridade da proteção e condições de trabalho que envolve a prestação de serviços em estabelecimentos de saúde públicos e privados, em todas as unidades da federação.

A CNTS também ajuizou no Supremo Tribunal Federal ação contra a Medida Provisória – MP 927/2020 e por direitos dos profissionais da saúde. Além da luta diária da Confederação pela redução de jornada de 30 horas semanais. A Confederação também cobrou da Câmara dos Deputados a aprovação, em caráter de urgência, do Projeto de Lei 2295/2000, que fixa a jornada de trabalho dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem em 30 horas semanais.

A CNTS continuará lutando para assegurar que os profissionais da saúde tenham seus direitos garantidos. Reafirmamos que estes trabalhadores são heróis, mas não devem se tornar mártires no trabalho