Dois médicos de Jundiaí (SP) foram indiciados no dia 8 de dezembro por homicídio culposo porque o hospital em que trabalham recusou atendimento ao aposentado Edgar José da Rocha, de 72 anos, que sofreu um infarto na porta da unidade. Apesar de insistentes apelos de pessoas que socorreram o homem, os responsáveis pela emergência informaram que, como o idoso não tinha plano de saúde, não poderiam atendê-lo. Por isso, ele nem foi admitido na emergência e morreu na calçada.
O caso deixa claro, mais uma vez, que os serviços de saúde não podem ser entregues a empresários privados com interesses apenas no lucro e que pouco se importam com a vida humana. A morte de Edgard José da Rocha deve ser um exemplo para todos, sociedade e poder público, de que só existe serviço de saúde de verdade quando ele é público e universal, como determinam os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS).
Não existe democracia de verdade quando o acesso a um serviço que pode salvar vidas depende da capacidade de pagar por ele, e aqueles que não têm plano de saúde ou como arcar com despesas de um atendimento de emergência morrem na porta do hospital que poderia salvá-lo, como aconteceu com Edgar José da Rocha. A democracia de verdade garante a todos o acesso ao serviço de saúde e isso só pode ser feito com o fortalecimento e universalização da saúde pública.
O caso de Jundiaí revela também outro descalabro. Foram indiciados os médicos que estavam de plantão, mas não os donos do hospital, que mandam barrar o acesso dos que não podem pagar e garantir seus lucros exorbitantes. A corda, mais uma vez, partiu do lado mais fraco, o dos empregados, e não no dos empresários que fazem da saúde e do direito à vida um negócio para engordar suas contas bancárias.