Conforme os gráficos publicados pelo próprio Ministério da Saúde, e que reproduzimos nesta matéria, a rede federal de saúde, de 2016 a 2019 acumulou um déficit de 14.571 profissionais em todo o país.
Aí começa uma história tão complicada quando absurda: em 2020 com o certame dos contratos NERJ prestes a vencer, foi publicada no dia 5 de maio a Portaria 11.259 para a contratação de 4.117 profissionais. Mas aí veio a pandemia de coronavírus e todo o processo acabou paralisado.
Na sequência, a MP 974 autorizou a renovação de certames anteriores, mas com a contratação de apenas 3.592 trabalhadores, ou seja, 600 cargos a menos. Só em janeiro deste ano os trabalhadores começaram chegar, mas apenas 2/3 do número determinado pela portaria.
Foram prorrogados, então, por 60 dias os contratos de 1.419 profissionais. Mas em 28 de fevereiro expirou o prazo dessa prorrogação.
Consequências terríveis
Responsável por mais de 80% dos transplantes renais e de córnea realizados no Rio, o Hospital de Bonsucesso chegou ao ponto de conviver com a absurda situação de ter profissionais trabalhando sem contrato.
Mas a unidade está longe de ser a única da rede federal no Rio a enfrentar problemas dessa gravidade. Em diversos hospitais, setores estão sendo fechados, ou passando a funcionar precariamente, e tratamentos descontinuados. O Sindicato dos Enfermeiros já tomou as providências judiciais cabíveis para tentar reverter essa situação.
Reportagem do RJ-TV, da Rede Globo, mostra a quantidade expressiva de leitos fechados na rede federal: Hospital de Bonsucesso – 260; Clementino Fraga – 68; Cardoso Fontes – 51; Andaraí – 78; Lagoa – 127; Into – 98; Servidores- 105; Instituto Nacional de Cardiologia – 43; Ipanema – 29.
Tudo isso é resultado direto da desastrada e inepta gestão de saúde do governo federal.
O certame repleto de irregularidades realizado em 2020 para a contratação de novos profissionais reprovou um número expressivo de candidatos preparados, com titulação acadêmica e com larga experiência na prestação de serviços nas unidades federais.
E, para ampliar a nuvem de descrédito que cobriu o processo, o Coordenador-Geral de Pessoas do Ministério da Saúde, Ademir Lapa, foi aprovado com louvor. Sabe-se de casos de profissionais que nunca exerceram a profissão, mas foram aprovados nesta estranha seleção. Um deles ganhava a vida como pintor de paredes.
Nada contra essa digna profissão, é claro, mas o atendimento de saúde da população precisa ser encarado com um mínimo de seriedade e profissionalismo.
O Sindicato dos Enfermeiros do Rio já tomou todas as providências judiciais cabíveis para reverter a atual situação caótica da rede federal de saúde.