Por Daniel Giovanaz, no DCM
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A estudante Maria Lúcia Ferreira Toledo, de São Paulo (SP), foi uma das 2,8 milhões de pessoas inscritas para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que não compareceram aos locais de prova no último domingo (18). Os dois motivos que forçaram sua desistência têm relação com a pandemia.
“Primeiro, que eu não sou tão irresponsável quanto o governo Bolsonaro”, argumenta, criticando a realização das provas em pleno avanço da covid-19 no Brasil, sem protocolos sanitários adequados, na sua avaliação.
“A gente estava sem aula, e o governo não fez absolutamente nada para resolver isso. Nem distribuição de celular, de chip. O sistema utilizado estava travando demais, então a gente não conseguia acompanhar nada”, lamenta. “A gente nunca teve estrutura para fazer o Enem 2020, desde que a pandemia chegou.”
“O ensino a distância não funcionou nas escolas. Foi uma complicação muito grande, a não ser para a galera que conseguiu pagar escola, pagar cursinho, e não foi o meu caso”, acrescenta a estudante. “A galera da rede pública já está um pé atrás, e no ano da pandemia a gente está uns dez.”
Os motivos elencados por ela explicam os 51,5% de abstenção na primeira etapa do exame – até então, o maior índice de abstenção era 37,7%, registrado em 2009.