Por 316 votos a 165, a Câmara dos Deputados contrariou decisão de Senado e manteve o veto de Bolsonaro ao reajuste dos servidores previsto na lei de socorro financeiro de R$ 125 bilhões a estados e municípios. A decisão vale até dezembro de 2021.
Ao contrário do que vem informando boa parte dos meios de comunicação, a previsão de reajuste não era um “liberou geral”, mas atenderia apenas a algumas categorias, entre elas os profissionais de saúde, que estão na linha de frente do combate à pandemia de coronavírus, pagando muitas vezes com o sacrifício da própria vida.
Além dos profissionais de saúde, poderiam ter os salários reajustados as carreiras de segurança pública, perícias, limpeza urbana, serviços funerários (que também enfrentam grande sobrecarga de trabalho em tempos de pandemia) e professores.
Ao dar as costas para esses servidores que prestam um serviço essencial à sociedade, os deputados, liderados pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia, se curvaram ao clamor do mercado financeiro, que vive de especulação e da cobrança de juros e nada tem a ver com produção e geração de emprego e renda.
A bofetada da Câmara no funcionalismo chama atenção, por outro lado, para a importância do voto para o parlamento, em geral menosprezado pelo eleitor. Votar em candidatos sem nenhum compromisso com o servidores e os trabalhadores acaba criando situações distorções graves. A maioria esmagadora do povo brasileiro é formada por trabalhadores, mas grande parte dos atuais deputados e senadores põem seus mandados a serviço da elite.