Notícia recente publicada pelo jornal Extra, e não desmentida pelo governo do estado do Rio de Janeiro, mostra quais são as prioridades do atual Executivo estadual. Enquanto o secretário de Fazenda, Júlio Bueno, admite para a imprensa que o governo não sabe se terá caixa para pagar a segunda parcela do 13º salário dos servidores estatutários, uma empresa prestadora de serviços na área de saúde, a Facility, não tem do que se queixar.
Mesmo num período de vacas magras, no qual a crise é usada como desculpa pelo governo do estado para tudo, o Fundo Estadual de Saúde abriu o cofre para a Facility, na segunda quinzena de outubro, abocanhando nada menos do que R$ 2,8 milhões dos R$ 3,1 milhões pagos a fornecedores. No final da matéria, o Extra especula sobre quais seriam os motivos de tamanho privilégio : “Tem fornecedor, com pires na mão, querendo aprender a reza para conseguir a mesma graça.”
O jornal, contudo, esquece de dizer que não são apenas os fornecedores que estão à míngua. Os servidores são mais penalizados ainda. Praticamente todas a suas reivindicações são proteladas sob o pretexto da falta de recursos causada pela crise econômica. Até o 13º está ameaçado. E o governo só aceitou debater um PCCS para os servidores da saúde se for por partes, em doses homeopáticas, o que deve arrastar a discussão por prazo indeterminado.
Privilegiar repasses para terceirizadas na área de saúde e negar direitos de funcionários públicos diz muito sobre o déficit de espírito público de um governo. O sindicato vai continuar cobrando e pressionando.